Texto retirado do
referenciado abaixo
Juliano Moreira
''Sua extensa obra escrita abrangeu várias áreas de
interesse; inicialmente, publicou estudos nas áreas de sifiligrafia,
dermatologia, infectologia e anatomia patológica. A seguir, concentrou-se cada
vez mais nas doenças nervosas e mentais, em descrições clínicas e terapêuticas,
escreveu sobre modelos assistenciais e sobre a legislação referente aos
alienados, discutiu a nosografia psiquiátrica e estudou as histórias da
medicina e da assistência psiquiátrica no Brasil. Tinha especial interesse pela
então chamada "psiquiatria comparada", ou seja, as manifestações das
doenças mentais em culturas diversas, como atesta a sua correspondência com
Emil Kraepelin.
Seu espírito aberto e inquieto não ignorou a psicanálise;
tendo domínio do alemão, conhecia as obras de Freud e tinha uma avaliação
crítica delas. Numa resenha em que elogiou o livro de Franco da Rocha, "O
pansexualismo na doutrina de Freud" (1920), referiu que a Sociedade
Brasileira de Neurologia vinha promovendo palestras de divulgação da psicanálise
e comentou, com sua ironia peculiar, que esta era pouco conhecida no país
porque "No Brasil, em geral os colegas, em obediência à lei do menor
esforço, aguardam que as ideias e as doutrinas passem primeiro pelo filtro
francês para que nos dignemos a olhá-las contra a luz (...)".
Ao longo de toda sua vida, participou de muitos congressos
médicos e representou o Brasil no exterior, na Europa e no Japão. Foi membro de
diversas sociedades médicas e antropológicas internacionais; fundou, em
colaboração com outros médicos, os periódicos Arquivos Brasileiros de
Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal (1905), Arquivos Brasileiros de
Medicina (1911) e Arquivos do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro (1930) e a
Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal (1907).
Finalizando, para melhor entender a atuação de Juliano
Moreira deve-se recordar que, nas primeiras décadas do século XX, a medicina
brasileira acreditava ser capaz de dirigir o processo de modernização e
sanitarização do país. Assim também cria Juliano Moreira e sua atuação foi
coerente com esta visão; para ele, o principal papel da psiquiatria estava na
profilaxia, na promoção da higiene mental e da eugenia. Em que pese o caráter
francamente intervencionista deste projeto médico, não se pode negar o
brilhantismo, a coragem e a originalidade deste fundador da psiquiatria
brasileira.''
Médico, negro e psiquiatra Juliano fez grandes
feitos, e contribuiu imensamente para o meio cientifico, estando muito a frente
do seu tempo com diversas atitudes e teorias que fizeram dele um dos melhores
da época, mesmo enfrentando toda problemática do racismo, ele rompeu barreiras
e construiu um legado de sucesso e se tornou sinônimo de orgulho e inspiração
para muitos negros.
ODA, G;
DALGALARRONDO, P. Juliano Moreira: um psiquiatra negro frente ao racismo
científico. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.22 n.4 São Paulo Dec. 2000
Imagem Disponível em:
<https://www.geledes.org.br/juliano-moreira/> Último acesso em
04/10/2020.